Foto MARCUS STEINMEYER

6 perguntas para… Rosana Hermann

Imagine ter sua @ do Twitter ou endereço de email apenas com seu nome, e mesmo assim, ser reconhecida por todo mundo. Com mais de 500 mil seguidores, Rosana Hermann foi uma das primeiras brasileiras a ter destaque no Twitter, onde fala sobre política, banalidades e divulga links interessantes.
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Rosana é bacharel em Física pela USP, roteirista de TV (Sai de Baixo, Vai que Cola, Tudo pela Audiência, X-Tudo, Xuxa, Faustão, etc) e apresentadora.
Também é professora de Roteiro Avançado na FAAP, apresentadora do programa ”Porta Afora” ao lado de Fábio Porchat (Multishow, Porta dos Fundos), twitteira e blogueira há 17 anos.
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Nessa entrevista, ela fala sobre sua carreira e sobre seu novo livro:
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Você é formada em Física. Como surgiu seu interesse pela Comunicação?
Física foi uma decisão racional, a comunicação sempre foi minha vocação natural. Quando a vocação falou mais alto, mudei.
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Como é sua rotina de produção de conteúdo? Pode explicar aos leitores como é o trabalho de uma roteirista no dia a dia?
O trabalho do roteirista tem duas vertentes, a autoral, quando ele cria algo pessoal sem que ninguém tenha pedido e desenvolve o projeto e o trabalho diário de criar e roteirizar atendendo pedidos e projetos de produtoras, emissoras, etc. No dia a dia, tudo começa com as primeiras reuniões para definir o trabalho, se uma série, uma novela, um curta metragem, um programa de tv, uma peça de áudio visual qualquer. Determinado o formato (ex: uma série de comédia) e a proposta/argumento (Um casal que larga tudo e decide viver numa kombi e rodar o Brasil), desenvolve-se a ‘bíblia’, que contém a história e seu arco, os personagens com suas descrições e vidas pregressas, relações entre eles, etc. Depois, da bíblia escrita, os roteiristas desenvolvem os argumentos de todos os episódios da série.
Feita a parte teórica acontecem os testes de elenco, sempre com cenas com diálogos escritas pelo roteirista também. Definido elenco, aprovada a história, a bíblia, os argumentos das sinopses, escolhe-se um tema para fazer o Piloto, que é o primeiro episódio da série. Gravado e aprovado o piloto, os roteiros de toda a série são escritos, captados, editados. O roteirista participa de tudo, até da gravação mudando texto se necessário. É um trabalho muito intenso, com muitas refações, muitas mudanças, tem que ser concentrado e paciente.
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Você é super ativa no Twitter.  O que mais te fascina nessa rede social? Sempre vejo você conversando com várias pessoas, divulgando links interessantes e recentemente até brigando com a marca Minalba… 
O Twitter é como a vida na rua, numa praça. É aberto para todos, inclusive para quem não tem perfil na rede; é rápido, conciso, instantâneo. É a cara da vida moderna, a rede que melhor corresponde a nosso zeitgeist.
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Vamos falar sobre seu novo livro, que fala sobre celular. Como surgiu o interesse pelo tema? Você se considera uma viciada?
Eu não achava que era viciada até perceber o quanto eu estava dependente do celular. O tema surgiu junto com a Nana, da editora Sextante. Desenvolvi o livro ao longo de um ano e, ao ser lançado, vimos que a onda sobre o tema já estava gigante. Hoje, todos estamos preocupados com nosso vício em celular, que realmente requer consciência e atenção. Estamos sendo dominados pelo impulso de viver numa telinha plana, como se o mundo e a vida se reduzissem a apenas isso. 
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Pode dar alguma dica para quem quer ter uma relação mais equilibrada com o aparelho?
Lembrar que nem tudo é urgente. Que o mundo não vai acabar se você não responde uma mensagem no mesmo instante quem a recebe. Que a vida é muito maior que uma tela. Que o celular é maravilhoso contanto que ela não chupe nosso cérebro de canudinho. E que somos nós que mandamos nele e não vice-versa. 
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Você foi uma das primeiras blogueiras do Brasil e acompanhou toda a mudança que aconteceu de lá pra cá – desde o ”boom” dos blogs de humor, passando pelos grandes canais no Youtube e pro Instagram. Em sua opinião, o que faz o brasileiro ter essa relação tão forte com a internet?
Somos um pais que gosta de falar, de se comunicar, ávido de expressão. Somos solares e expansivos, intensos, gregários, latinos e tropicais. Adoramos fofocas, adoramos falar da vida dos outros, adoramos bisbilhotar. Somos curiosos.  A Internet potencializou e escancarou tudo isso, para o bem e para mal. A Internet é só a ferramenta, como uma faca, um martelo. Cabe a nós decidir se vamos cortar o pão e pregar um quadro na parede ou vamos usar a ferramenta para fazer mal a algo ou alguém. Não importa quanto a tecnologia evolua, o ser humano precisa estar em constante vigilância para continuar evoluindo.
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