Sally Hawkins in the film THE SHAPE OF WATER. Photo by Kerry Hayes. © 2017 Twentieth Century Fox Film Corporation All Rights Reserved

Festival do Rio: ”A forma da água”

Um dos filmes mais aguardados do Festival do Rio, ”A forma da água” mistura drama e romance de um jeito que apenas Guillermo del Toro poderia fazer. Famoso pelos ótimos ”Hellboy”, ”O labirinto do fauno” e pelo péssimo ”A colina escarlate”, o mexicano inova numa trama que se passa nos anos 60 e que irá agradar até aos mais durões.

No longa, Eliza (Sally Hawkins, de ”Blue Jasmine”) é uma faxineira muda que passa os dias trabalhando ao lado da colega Zelda (Octavia Spencer, brilhando, como sempre) e cuidando do vizinho Giles (Richard Jenkins, de ”Amizade colorida” e ”Jack Reacher”). A falante Zelda vive reclamando de seu marido e presta atenção em tudo o que acontece no laboratório de pesquisa nas quais as duas trabalham. Já Giles é desenhista e passa os dias tentando convencer seu antigo chefe a contratá-lo novamente.

Um dia, Eliza e Zelda se deparam com um estranho tanque, onde uma criatura está sendo estudada pelos cientistas. Curiosa, Eliza quer saber mais sobre o ser (que depois é identificado como um ”deus” que foi retirado de um rio da Amazônia) e acaba se aproximando dele, oferecendo comida e mostrando a ele alguns de seus discos preferidos.  Tudo vai bem até o chefe do laboratório, Strickland (Michael Shannon), que quer desesperadamente subir de cargo, resolver que a criatura precisa ser morta. Eliza e o doutor Hofstetler (Michael Sthulbarg), que não pode deixar que isso aconteça, se unem a Giles e resolvem sequestrar o ser no meio da noite, num das melhores sequências do filme.

A criatura é interpretada com maestria por Doug Jones (atualmente em ”Star Trek: Discovery”) e o roteiro em alguns momentos se cruza com ”O labirinto do fauno”. O fato de Eliza ser muda só reforça outras características da personagem, que vão sendo trabalhadas ao longo da trama, e a parceria de Sally com Octavia é maravilhosa. O elenco funciona bem – e o destaque vai para Michael Shannon, em seu personagem machista e que é a fiel representação do ”homem branco cis hétero”.
O filme foi vencedor do Leão de Ouro em Veneza e muito elogiado em Toronto em 2017.

CONFIRA O TRAILER 

Cotação: Muito bom