Mad Max – Estrada da Fúria

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Qualquer adolescente da década de 1980 e 90 reconhece Mad Max (1980) como um grande filme de ação e suas sequências Mad Max 2 – A Caçada Continua (1981) e Mad Max 3 – Além da Cúpula do Trovão (1985) fizeram desse personagem um clássico até os dias atuais. Desde então, a saga de Max – vivido na década de 80 por Mel Gibson – estava viva apenas na memória de poucos entusiastas e de saudosos pós-adolescentes. Isso acaba hoje!

Mad Max – Estrada da Fúria, dirigido por George Miller (o mesmo diretor dos anteriores), não é um reboot do primeiro filme (é pra glorificar de pé, igreja), contudo, se insere perfeitamente na cronologia dos filmes anteriores. O cenário desértico, pós-apocalíptico, com escassez de água e combustível ainda é uma forte analogia a nossa sociedade, porém perde importância devido a grandiosidade das cenas de ação. Digo isso para informar que Mad Max – Estrada da Fúria não é um filme de ficção científica e sim um filme de ação.

Não espere entender todos os conflitos internos de Max, nem tampouco o que motiva as ações dos outros personagens do filme. Na verdade, não espere entender nada. O roteiro não se aprofunda em nenhum ponto específico da trama a não ser na própria Estrada da Fúria. Pouco importa o porquê das personagens estarem gastando dezenas de litros de gasolina em um mundo em que guerras foram travadas pela posse do combustível – sem falar das cenas com explícito desperdício de água contrastando com o vasto deserto ao redor.

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Mas, pra falar a verdade, isso tudo pouco importa. O filme é tão glorioso em sua produção que as incoerências de roteiro passam despercebidas pelo expectador. Glorioso, talvez, não seja a palavra mais adequada. Entretanto, é difícil descrever o deslumbramento cinematográfico causado pela fotografia surreal, pela trilha sonora impecável e pelas engenhosas cenas de ação de Mad Max – Estrada da Fúria. É admirável como o diretor e o montador orquestram as duas horas de filme com ação do início ao fim sem deixar “cair a bola” em nenhum momento e sem apelar para o humor fácil com piadas – como é comum em filmes de ação mais longos como Transformers ou Vingadores. Pelo contrário, todo o humor do filme é sustentado pelas situações surreais vividas no caos pós-apocalíptico e cabíveis nesse contexto.

Desde a cena inicial – uma das melhores do filme – Mad Max – Estrada da Fúria mostra para o que veio: uma mistura frenética de ação, caos, perseguição de carros, explosões, pessoas desfiguradas e modelos da Victoria’s Secret em um mundo inóspito no qual tudo pode acontecer.

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Um destaque para Tom Hardy (como personagem principal Max Rockatansky) que, além de ser o único homem bonito (ou não desfigurado) no filme, consegue trazer a intensidade necessária para a personagem. Também preciso citar Charlize Theron (como a incrível Imperatriz Furiosa), a líder feminista e real protagonista do filme. Ambos transmitem a essência de uma vida devastada pela guerra e injustiça social, mesmo com pouquíssimos diálogos no filme.

Os carros/máquinas de guerra usados no filme merecem uma matéria apenas para eles e nos fazem pensar que, sim, ainda é possível criar coisas legais no cinema. Mais de 150 veículos foram construídos para o filme. Grande parte deles participa de verdade das cenas de ação, com pouco ou nenhum uso de efeitos de computação para acidentes em alta velocidade.

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Mad Max – Estrada da Fúria é um excelente filme de ação, é muito louco, lindo, brutal, politicamente incorreto, talvez um dos melhores da década e, assim como seu antecessor revolucionou o gênero na década de 80, tem muito a ensinar para as franquias atuais.