10 perguntas para… Malu Rodrigues

Veterana de musicais, a carioca Maria Luísa Reisderfer Rodrigues tem 25 anos e já participou das montagens de ”O despertar da primavera”, ”Um violinista no telhado”, ”Beatles num céu de diamantes”, ”O mágico de Oz” e ”Se meu apartamento falasse”.

Nessa entrevista exclusiva, a atriz e cantora fala sobre sua carreira, sua relação de amor com a peça ”A Noviça Rebelde” e seu carinho pela dupla Charles Moeller e Cláudio Botelho, com quem trabalha desde a infância.

Confira:

 

Gostaria de começar perguntando como começou seu envolvimento com o teatro musical e como você se descobriu cantora.
Eu comecei a fazer aula de canto aos 8 anos, primeiro pela timidez e depois porque queria mandar um vídeo para o programa ”Gente Inocente” da Globo. O programa acabou antes que eu tivesse a chance de mandar o vídeo, mas me apaixonei pelo canto e continuei com as aulas. Um tempo depois a ”Noviça Rebelde” com produção e direção da Möeller e Botelho, estava chegando ao Rio, e dei sorte de ter criança no elenco. Fiz a audição, passei, me apaixonei pelo gênero e não parei desde então!

Tudo aconteceu naturalmente, sempre fiz aulas de canto, faço até hoje, não sei se teve um momento em que me descobri cantora, a música é muito orgânica na minha vida, talvez porque tenha começado tão cedo. Estou me conhecendo como cantora agora, cantora sem utilizar a voz para personagens.

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Você acabou agora as apresentações de ‘’A Noviça Rebelde’’ no Rio de Janeiro. Como foi essa experiência, levando em consideração que você atuou na primeira montagem quando era criança e agora interpretou a Maria, a protagonista?
A ”Noviça” é sem duvida o musical mais importante da minha vida. O valor afetivo e emocional não tem igual! Foi onde tudo começou, toda a minha história nos musicais, onde encontrei um rumo na carreira, minha paixão, foco e vocação. Foi o meu primeiro encontro com o Charles Möeller e Cláudio Botelho, e após 10 anos reviver tudo, o começo da minha história, com os dois novamente, agora no papel título, cercada de crianças talentosíssimas, eu amei cada segundo em que estive no palco como Maria. É claro que o desgaste  físico e vocal foram bem maiores, mas eu estava tão feliz e me preparei tanto que nem pensei nisso. A ”Noviça” já era especial, além disso tudo ainda fui pedida em casamento numa sessão da versão Tour em Houston, certamente é o musical da minha vida.

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Você já fez uma série (‘’Tapas e beijos’’), uma novela, faz teatro desde pequena, estará no filme do Erasmo Carlos e está participando do ”Popstar”, na Globo. Você gosta de todas essas mídias ou o teatro é mesmo sua grande paixão?
Qualquer veículo onde conseguimos passar alguma mensagem, ou levar um pouco de amor, reflexão e entretenimento é importante pra mim. Independente de ser Teatro, Tv ou Cinema.

O teatro acaba sendo mais emocionante, porque você tem uma resposta imediata do público, tudo acontece ao vivo, ali, agora. A troca  imediata do público com o ator em cena, deixa a gente muito mais vivo, é viciante! E cada espetáculo apesar de ser o mesmo durante uma temporada, cada sessão é completamente diferente, as pessoas reagem de formas diferentes. Além disso, tenho uma leve preferência por trabalhos que sejam ligados à música, onde posso mostrar tudo que sei fazer…
Talvez por isso os musicais sejam a minha grande paixão. A música é fundamental na minha vida! No ”Popstar” estou só cantando e é tv, no filme do Erasmo cantamos de verdade, então tudo que envolva música me atrai um pouco mais.

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O que você pode adiantar sobre seu papel no filme ‘’Minha fama de mau’’?
O filme está lindo. Acho que vamos conseguir levar ao cinema não só quem viveu naquela época, mas os mais jovens também. A fotografia é linda, a caracterização, elenco, é um filme leve, bonito e repleto de música! Praticamente um musical!

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Você trabalha com o Claudio e o Charles desde que era bem nova. Como aconteceu esse encontro? Se deram bem logo de cara? Como é o relacionamento de vocês?
Eles são meus pais nos musicais. São meus dois amores, no trabalho e na vida e a gente tem um encontro de vida muito especial, único. Confio cegamente neles, nos entendemos mais do que bem…e admiro muito os dois, no profissional e pessoal. Tudo que sei de musicais foram eles que me ensinaram. É uma relação de muito amor, parceria, confiança e trabalho duro!

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No teatro, quem são seus ídolos? Você tem algum texto que te encanta mais?
Ah, vários! Marieta Severo, Andrea Beltrão, Fernanda Montenegro, Judy Garland, Julie Andrews, Jessie Mueller, Pattit Lupone, Hugh Jackman, Bryan Cranston…

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Na sua opinião, qual a melhor e a pior parte de fazer teatro no Brasil, levando em conta que não é exatamente um programa cultural barato e de fácil acesso?
No teatro temos a oportunidade de reviver histórias, roteiros maravilhosos e que estão esquecidos, ou que muita gente não conhece. Histórias importantes, mensagens importantes, bem escritas. Além de dar emprego pra muita gente. No caso do musical eu digo que fazer musical aqui no Brasil é um sonho realizado. Eu amo a Broadway, todas aquelas montagens mágicas… agora tenho a oportunidade de viver isso aqui e trazer esse mundo mágico para as pessoas.

A pior parte é conseguir patrocínio, principalmente nos musicais, e musicais maiores (que são mais caros) isso ainda não é uma coisa fácil. Além disso, o valor dos ingressos precisa ser alto pra suprir o que o Patrício muitas vezes não consegue pagar, o que diminui a diversidade do público, infelizmente. A cultura é para todos, ou deveria ser.

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Na ‘’Noviça’’ você conviveu com as crianças do elenco. Hoje em dia é comum ver atores que são novinhos e já tem Facebook, perfil no Instagram, milhares de fãs…? A Larissa Manoela, por exemplo, é um furacão nas redes sociais.  Como você vê essa mudança?
Eu acho que o mundo perdeu um pouco do que é real pro virtual. Acabou virando uma ferramenta de divulgação da vida pessoal, eu sou meio ruim nessas mídias, não sei mexer e não tenho Twitter, tinha Facebook, mas mexo super pouco porque o Instagram veio em peso. Eu mesma não sou muito ativa, sabe? Uso mais pra divulgação de algum trabalho ou pra fazer surpresa para o meu marido, para a família e amigos, declarando meu amor publicamente… sou super tímida e mais reservada, e estou tentando ao máximo me desligar um pouco disso. Mas isso é uma opinião totalmente pessoal, só não me sinto à vontade em me expor muito, a minha profissão já me deixa exposta o suficiente. 

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O que é mais difícil: dançar, cantar ou atuar? Pode falar um pouco da sua rotina de preparação para uma nova personagem?
Procuro sempre me preparar ao máximo para qualquer personagem diariamente. Faço aulas de canto, quero voltar pro sapateado, cuido da preparação física… Acho que existem personagens mais difíceis vocalmente, outros que exigem mais da interpretação ou corporalmente. Procuramos sempre estar preparados para tudo. Quando começo um novo processo, procuro sempre me encher de informações sobre a personagem, referências, músicas, figurinos, época, história, e tento juntar ao máximo todas essas informações na minha composição.

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Pra terminar: o que você diria pra um jovem ator/atriz que quer fazer um musical?
Nunca desista! Procure se encher de conhecimentos. Faça todas as aulas que conseguir e faça pra sempre, nunca pare, se prepare ao máximo para qualquer oportunidade que apareça.