A grande jogada

Baseado no livro escrito por Molly Bloom, que foi publicado no Brasil pela editora Intrínseca, o filme conta a história de Molly (Jessica Chastain, de ”Perdido em Marte” e ”A hora mais escura”’), uma jovem esportista que tem sua carreira interrompida após um grave acidente. 

O filme é narrado pela própria Molly, uma menina inteligente e que foi criada por um pai opressor que não aceitava nada menos que a perfeição. Seus irmãos também eram cobrados para serem perfeitos, e logo cedo a menina começou a criar brigas com o pai para tentar ter (um pouco de) controle sobre sua vida.

Depois do acidente, Molly decidiu tirar um ano sabático e se mudou para Los Angeles para trabalhar. Ela começou como garçonete e depois se tornou assistente de Dean (Jeremy Strong, de ”A grande aposta”), um produtor de Hollywood que organizava jogos de pôquer semanais com astros de cinema. Esperta, Molly aprendeu sobre o negócio do patrão e logo percebeu que poderia ganhar muito dinheiro se comandasse sua própria mesa.

Molly passou a perna em Dean e abriu sua própria mesa, selecionando os jogadores e fazendo amizade com as pessoas certas. O valor também subiu: o buy-in, quantia necessária para participar da mesa, que foi de US$ 10 mil, preço da mesa de Dean, para US$ 50 mil. O mais interessante era que ela nunca ficava com o dinheiro que rodava na mesa: Molly vivia exclusivamente das gorjetas dos ricos e famosos, chegando a faturar mais de 7 mil dólares por noite.

Nem tudo são flores na vida de Molly: em 2013, ela foi presa após ser acusada de participar de uma operação que lavou nada menos que 100 milhões de dólares. Ela quase foi condenada a uma prisão de dez anos quando, em 2014, foi declarado que não tinha um grande envolvimento com o esquema ilegal, recebendo uma sentença de um ano em liberdade condicional e 200 horas de serviços comunitários. No fim, Molly estava sem dinheiro, sem amigos e sem reputação, já que sua vida virou uma novela, sendo noticiada exaustivamente nos jornais norte americanos. Para sair dessa encrenca, ela conta com o advogado Charlie (Idris Elba, de ”Luther” e ”Depois daquela montanha”), que de início não acredita na história de Molly. 

A dupla Elba e Chastain é fantástica e os dois brilham em cena. Os diálogos da dupla no escritório de Charlie são ótimos e Chastain está ótima como a eloquente Molly, fazendo com que você torça para que ela se dê bem no final da história. Claro, não há desculpa para esquemas de lavagem de dinheiro, mas a história é conduzida de um jeito que parece que a heroina não é tão culpada assim. O roteiro é de Aaron Sorkin (”A rede social”), que também atuou como diretor.

Cotação: Muito bom