Todo o dinheiro do mundo

”Todo o dinheiro do mundo” chega aos cinemas brasileiros cercado de polêmicas: fazendo bonito na bilheteria nos Estados Unidos, o filme teve partes refilmadas por conta do afastamento de Kevin Spacey, que dava vida ao magnata J Paul Getty. O ator esteve envolvido em casos de assédio sexual, e segundo fontes afirmam, ficou sabendo da notícia de sua substituição pela imprensa. Além desse problema, foi divulgado que o astro Mark Wahlberg recebeu um salário equivalente a US$ 1,5 milhão de dólares pelo papel no longa – o que virou um problema, já que sua companheira de cena (e ganhadora de um Globo de Ouro) Michelle Williams recebeu um cachê bem menor. O ator acabou doando o dinheiro. Além da questão de Spacey, a equipe técnica teve que voltar a fazer edições no longa, o que custou um prejuízo de dez milhões de dólares ao estúdio.

Encarregado de substituir Spacey, Christopher Plummer (”A noviça rebelde”) não só aceitou a missão como foi reconhecido pela atuação como o magnata J. Paul Getty. Indicado ao Oscar 2018 como ”melhor ator coadjuvante”, o canadense de 88 anos é o ator mais velho a conseguir uma indicação na história do prêmio. Ele já ganhou um Oscar em 2012 pelo filme ”Toda forma de amor”, venceu um Emmy em 1994 e ganhou um Globo de Ouro em 2011, além de um Bafta, o Oscar britânico.

O filme se passa em 1973 e começa a partir do misterioso sequestro do herdeiro John Paul Getty III (Charlie Plummer, da série ”Boardwalk Empire”), neto de 16 anos do magnata do petróleo americano Jean Paul Getty (Plummer). Na época, Getty era bilionário e dono de ”todo o dinheiro do mundo”. A mãe de John, Gail Harris (Williams) alegou não ter dinheiro para pagar o resgate de 3 milhões de dólares do filho e pediu ajuda financeira ao avô do menino, que recusou e fez de tudo para dificultar o processo, chegando a alegar em um comunicado oficial: “tenho 14 netos, se pagar o resgate, terei 14 crianças sequestradas”. Gail recebe ajuda de Fletcher Chase (Wahlberg) para conseguir o dinheiro do resgate.
Os sequestradores, impacientes, então decidem enviar à imprensa uma orelha do menino para obrigar a família a acelerar o pagamento.

O filme tem boas cenas de drama, principalmente quando mostra a relação de Gail e Getty. O empresário, ganancioso, não jogava para perder e fazia questão de mostrar o quanto era poderoso, humilhando as pessoas ao redor, como na ótima cena de Gail com o artefato no museu, uma das melhores do longa. Michelle Williams está maravilhosa como a mãe desesperada pelo filho e Charlie Plummer, de apenas 18 anos, é um ator a ser observado de perto nos próximos anos. É impossível imaginar outro ator no lugar de Christopher Plummer nesse papel – além de ter mais ou menos a idade que Getty tinha na época, Plummer dá um show de atuação e de carisma. O filme tem erros, claro, mas que não preocupam o espectador comum. A direção é do britânico Ridley Scott (”Alien” e ”Perdido em Marte”) e o filme foi baseado no livro ”Painfully Rich: The Outrageous Fortune and Misfortunes of the Heirs of J. Paul Getty”, de John Pearson.

 

Cotação: Muito bom