Coração do Samba

coração do samba

Ritmo, samba de gente grande tocado por crianças e adultos, belíssimas histórias de carnaval, batuques e, claro, o verde e o rosa. Assim poderia ser brevemente resumido o documentário de Thereza Jessouroun que fala sobre a bateria da Estação Primeira de Mangueira, filmado durante os anos de 2004 e 2011.

 

Coração do Samba. Um documentário sobre a bateria da Mangueira não poderia ter um título mais apropriado, e como diz Elmo dos Santos (filho do fundador da bateria da escola) em determinada cena do filme “A bateria continua sendo o coração da escola.” E como o corpo pode funcionar sem as batidas do coração? É ele que bombeia o sangue e impulsiona o seu movimento.

 

O documentário é muito bem estruturado cronologicamente. Para os que não conhecem a história da bateria da escola, fica tudo muito claro, desde os seus primórdios até as mudanças que a bateria enfrentou para chegar aos dias atuais. E, para aqueles que conhecem cada passo da Mangueira, deve ser uma homenagem emocionante poder reviver cada momento.

 

O espectador aprende com seus ritmistas, é apresentado aos instrumentos, pode ver como eles são produzidos e conhecer as particularidades da bateria da Mangueira, como não poderia deixar de ser. Mas acima de tudo o que os componentes entrevistados deixam transparecer são as emoções e a profundidade do sentimento pelo que fazem. Pode-se sentir as batidas de cada coração quando dizem o quanto se envolvem, amam e se dedicam.

 

Uma cena do filme narra bem tudo isso: Elmo dos Santos fala da época em que seu pai levava todos os instrumentos da bateria para guardar em casa por medo de danificá-los pela chuva que inundava o local em que eram armazenados. Mesmo na sua casa quando chovia e a água entrava, o pai corria para proteger os instrumentos antes mesmo de ver se a própria cama estava sendo molhada. Assim, ele cresceu em contato com essa relação de afeto por aquilo que faz o samba da escola viver.

 

A força do documentário está na sua musicalidade. Música é sentimento e é exatamente isso que ele consegue passar à quem assiste. É um desafio conseguir ficar parado na poltrona durante seus 72 minutos, e para aqueles que não gostam de samba um aviso: vai ser complicado não se deixar levar.