Review: ”And just like that….”

O fenômeno ”Sex and The City” marcou gerações. Ao longo de 6 temporadas e muitos looks memoráveis, o seriado da HBO apresentava quatro amigas solteiras em Nova York, na casa dos 30 anos, vivendo amores, dramas e tentando pagar o aluguel em uma das cidades mais caras do mundo.

As quatro amigas – Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha – vivenciavam a cidade cada uma de seu jeito, mas todas em busca do amor. Os anos passaram e muitos dos discursos do show ficaram datados, além da clara falta de diversidade no elenco, o que sempre foi alvo de críticas. Isso também aconteceu nos dois filmes que foram lançados.
É por isso que 18 anos depois do episódio final a série retorna com novos dramas na vida das personagens Carrie, Miranda e Charlotte (agora sem a loira Samantha).

Agora, todos os dilemas das mulheres 50+ estão lá: as rugas, a questão do etarismo (o preconceito com as pessoas por conta da idade) de forma bem-humorada, os cabelos brancos.
Por exemplo, a vaidosa Charlotte pega no pé o tempo todo de Miranda, que sempre foi ruiva, por ela não pintar mais o seu cabelo; e Carrie precisa fazer uma cirurgia de quadril de emergência.

A morte também é abordada quando Mr. Big (cujo nome era John Preston) é vítima de ataque cardíaco fulminante enquanto praticava exercícios.
Esta é a deixa para que a série discuta a morte em todos os sentidos – a do corpo físico, a da decadência trazida pela idade, a do encerramento do mundo tal como o conhecíamos, através da pandemia. Nesse momento, Carrie precisa reavaliar suas prioridades e passa por um longo processo de cura.

Para trazer novos ares, o show ganha 3 personagens que são fundamentais para as novas narrativas das protagonistas: a jornalista Che Diaz, vivida por Sara Ramirez, de Grey’s Anatomy, Nya, a professora negra de Miranda (vivida por Karen Pittman, de The Morning Show) e a filha de Charlotte, Rose, que provoca um nó no pensamento todo certinho da mãe ao questionar sua identidade de gênero.

Também faz parte do elenco a documentarista LTW (Nicole Ari Parker), que faz Charlotte e seu marido questionarem, em um dos melhores episódios, se existe diversidade na classe alta de Nova York. A personagem aparece pouco, o que é uma pena.

A série também é sagaz ao lidar com a saída de atriz Kim Catrall, intérprete de Samantha Jones, personagem muito querida por boa parte do público. Por conta de uma longa briga de bastidores que nunca foi bem explicada ao público, Kim Catrall não aceitou participar do spin-off. Mas Samantha não morreu: ela se comunica com Carrie em momentos importantes por meio de mensagens de texto.

O show emociona, diverte, e passa seu recado: mesmo após tantos anos, a essência das personagens continua ali. Os looks mudaram e NYC se renova após o Covid, mas é interessante notar as narrativas que foram construídas junto com o público após tanto tempo.
Agora é torcer por mais uma temporada.

Cotação: Bom